A hipertensão arterial, popularmente chamada de pressão alta, atinge cerca de 32% da população adulta no Brasil, sendo que mais da metade dos idosos é portadora dessa doença.(1,2) Apesar da grande prevalência, apenas metade da população sabe do diagnóstico.
Ela se caracteriza por elevação da pressão acima de 140 x 90 mmHg (pra ser mais exata pressão sistólica a partir de 140 ou diastólica a partir de 90 mmHg já é considerada pressão alta). A medida em consultório continua como padrão por sua simplicidade e baixo custo. O ideal é medir nos dois braços e usar o maior valor. As medidas em ambos os braços devem ser muito parecidas.
Pressões acima de 180 x 110 mmHg devem ter seu tratamento iniciado de imediato, enquanto pressões abaixo disso devem, em geral, ser confirmadas em uma data próxima antes de se iniciar o tratamento. Exceção à essa regra são os casos em que o paciente já apresenta alguma complicação clínica pela pressão elevada. Nesses casos o médico deve também iniciar o tratamento da pressão sem precisar de outras consultas para isso.(3)
As complicações clínicas mais graves da pressão descontrolada são: AVC (acidente vascular cerebral, conhecido como “derrame”) , IAM (infarto agudo do miocárdio), insuficiência cardíaca (onde o coração fica “fraco”), doença arterial periférica (onde pode resultar em casos extremos com lesões que resultam na perda do membro afetado) e doença renal crônica. (1,2)
A hipertensão está muitas vezes associada à outros distúrbios metabólicos como obesidade, elevação do colesterol, glicemia alterada (pré diabetes) ou o próprio diabetes. Todos esses distúrbios aumentam o risco de morte e das complicações clinicas já citadas.
A pressão elevada pode ser de causa primaria (ou conhecida como “idiopática”- ou seja, sem uma razão bem definida) ou de causa secundária. Nesse caso a elevação da pressão seria uma consequência de alguma outra doença no organismo. As causas de hipertensão secundárias mais comuns sâo: (4,5)
Medicamentosa :
Contraceptivos orais, particularmente aqueles que contêm doses mais altas de estrogênio.
Antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs), particularmente uso crônico.
Antidepressivos, incluindo antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e inibidores da monoamina oxidase
Corticosteróides, incluindo glucocorticóides e mineralocorticoides
Descongestionantes, como fenilefrina e pseudoefedrina
Alguns medicamentos para perda de peso
Uso de cocaina
Doenças renais: tanto na insuficiencia renal aguda quanto na crônica o paciente pode apresentar pressão elevada. Além disso na sindrome nefrítica o paciente pode apresentar pressão elevada como parte do quadro sendo uma pista para seu diagnostico
Hipertensão renovascular
Apneia do sono
Feocromocitoma
Síndrome de Cushing
Hipo/hipertireoidismo
Coarcatação da aorta (principalmente em crianças)
Portanto somente o médico poderá avaliar, e se necessário, investigar as causas da pressão elevada.
O tratamento da pressão alta não compreende apenas o tratamento com remédios. Na realidade é fundamental o comprometimento do paciente com mudanças no seu estilo de vida(6,7). Isso envolve mudanças na alimentação, principalmente reduzindo o sal ingerido e, se possível, através da dieta DASH - Dietary Approaches to Stop Hypertension, uma dieta rica em vegetais, frutas, produtos lácteos com baixo teor de gordura, cereais integrais, aves, peixes e nozes e baixo teor de doces, bebidas açucaradas e carnes vermelhas. O padrão dietético DASH é conseqüentemente rico em potássio, magnésio, cálcio, proteína e fibra, mas pobre em gordura saturada, gordura total e colesterol.
Existem no mercado múltiplas classes de medicamentos para pressão arterial elevada. Cada classe de medicamentos tem particularidades que se adequam a situações específicas do paciente. Dependendo de cada caso, o médico deverá escolher o medicamento mais adequado. A pressão deverá ser monitorizada pelo menos até adequação do medicamento e dose correta. Após, o paciente deverá ser acompanhado, mantendo-se controles periódicos. Não esquecer que o tratamento das doenças metabólicas é parte fundamental do tratamento.
Procure seu médico para melhor avaliação do seu caso.